Buscando as emoções

Decidi que ia e fui. Fui buscar, na verdade, não pessoas, mas emoções. Eu queria saber o que elas tinham para me oferecer e ficaria, com certeza, com aquela que me parecesse mais cheia de coração, mais vívida, mais bonita. E é disto que se trata: da beleza das experiências, histórias, sentimentos e singularidade. Nada como uma dose de altivez para me excitar.

Fui em diversos lugares com diversas poesias diferentes. Aos poucos, no entanto, percebi que as poesias estavam muito mais nas pessoas do que nos lugares. Cada uma tinha dentro de si um poema. As mais atraentes tinham sonetos de Vinícius de Moraes. E foi aí que eu me apaixonei por um alguém. Talvez ele tivesse olhos cor-de-jabuticaba, provavelmente tão doces quanto a fruta, e lábios convidativos. Mas eu não pude reparar em nada mais detalhadamente do que em seus braços estendidos no balcão, esperando sua segunda dose de uísque, me convidando a entrar em seu mundo exuberante. Aquele rapaz transbordava conhecimento. Nem mesmo a bebida conseguira me desprender dali, nem mesmo o tempo. Aliás, eu poderia passar horas e horas apenas ouvindo como as palavras soam deliciosas da boca dele, ao mesmo instante em que eu queria calar ela com um beijo. Mas resisti. Não sei por que, na verdade.

Já era tarde da noite e minha jornada ainda não havia acabado. Não tecnicamente, porque, naquele momento, achei ter encontrado o que eu estava procurando, as emoções. Na verdade, uma que vale por muitas: a paixão. Sem saber, mais uma vez, como. E me despedi, por uma razão que ainda não sei. Talvez fosse o medo. Eu às vezes penso que preciso de mais ímpeto nessas horas. Como eu gostaria de ter ficado, como eu gostaria.

É engraçado, mas eu sempre estou buscando por conforto. Nem que seja debaixo das cobertas em um dia escuro, assistindo a qualquer porcaria da televisão. Nem que seja nos braços de alguém que eu nem sei se existe, se me quer, se eu quero, mas que o abraço deve ser macio. E essas coisas me fazem perceber que lar tem mais a ver com quem se está do que com qualquer lugar que se possa parecer. Me fazem pensar que, de alguma forma, eu sempre procuro por algo que ainda não sei o que.

- Mariana Sanches Moraes