Mulheres de todas as cores



Certa vez me falaram sobre a delicadeza que a mulher exala da pele, perfumando tudo que toca e florindo lugares por onde passa. Ouvi dizer sobre a fragilidade que habita em seu corpo curvilíneo e sobre sua doçura ao sussurrar palavras. Porém nada me haviam dito sobre a diversidade delas - não das palavras, das mulheres. Até me senti ofendida por Martinho da Vila, que anunciava com destreza todas as mulheres que já teve. E faz algum tempo que escutei sua música. Talvez naquela época eu nem soubesse interpretá-la. Mas agora que eu sei, devo concluir que ele estava no caminho certo: existe muito tipo de mulher.

Há aquelas que, para começo de conversa, não gostam de estereótipos. "Tipos" as ofendem. E com razão, afinal ninguém deve ser rotulado, por mais que às vezes isso seja inconsciente. Mas esqueçamos esse detalhe agora, porque escrevo aqui uma espécie de homenagem. Ou melhor, um manifesto.

Quando me disseram, mais de uma vez e até hoje, que mulheres devem ser delicadas, não falar palavras ofensivas e nem ser vulgar, me pergunto se quem me diz isso ao menos se deu conta de que não estamos mais no século XIX. Compreensível talvez, já que existem pessoas com certa dificuldade de evoluir com o mundo. De qualquer forma, a imagem da mulher está ligada à um caráter vulnerável. E isso é desagradável, digamos, pra caralho. Ops.

Sabemos que existem mulheres assim, que inclusive a marca de esmaltes Risque fez questão de nos lembrar recentemente, com frases superfofas do tipo "João fez a janta", como se isso fosse espetacular. E não é nada pessoal, porque eu realmente acho que homens cozinham com devida maestria - melhor que mulheres, ouso dizer. Eu também gosto de esmaltes e, honestamente, nem perco tempo lendo o nome deles. Mas a questão é que sim, a polêmica do novo lançamento da marca se deu justamente por ela ter a pretensão de atingir o público alvo de maneira generalista. Afinal, essa é a ideia de mulher transmitida à sociedade pelos outdoors e propagandas: a que quer ser tratada na palma da mão por mimos e que considera qualquer afazer "feminino" feito por homens digno de uma salva de palmas - e de uma linha exclusiva de esmaltes. Acredito que isso esteja atrelado mais uma vez aos nossos velhos conhecidos senso comum e machismo.

No entanto, para sorte de alguns, existem mulheres mais duronas. Independentes em todos os sentidos: financeiramente é apenas um deles. Mulheres desprendidas de tudo o que a afasta de sua felicidade ou de si mesma. Mas existem mais.

 Há mulheres cabeças e desequilibradas, confusas, de guerra, de paz, como já compôs Martinho da Vila. Mulheres inseguras, espontâneas, tímidas, eufóricas, engraçadas, mandonas, safadas, inteligentes e de todas as cores. Nenhuma se iguala a outra. Assim como nada neste mundo. E aproveite essa sua peculiaridade, mulher. Porque esse é o meu manifesto. Peça com licença, mas xingue quando tiver raiva. Que use uma roupa conservadora, mas se sentir vontade pinte a unha com esmalte escuro - quem sabe você queira procurar algum da nova coleção da Rique, Homens que Amamos. Seja você a mulher que você gostaria de conhecer, e então você será a mulher que vai perfumar tudo que toca e florir os lugares por onde passa.

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