O que nos falta



O mundo vive em constante mudança. Nós, seres humanos, tendemos – naturalmente – a acompanhar toda e qualquer transformação, mas apenas geralmente. Nem todos nós, por exemplo, vamos pensar da mesma forma. Alguns têm a cabeça mais aberta, outros mais fechada e mesmo assim o mundo evolui. Por exemplo, o feminismo ainda é algo em ascensão mas, também, com muita repressão.

Costumo pensar que esse período que nós, mulheres, estamos passando é ruim. Não digo pior, pois já foi bem difícil conseguirmos ouvidos atentos à nossas vozes e olhos vidrados à nossos cartazes. No entanto, estamos numa fase transitória, na qual lutamos pela liberdade sexual, independência, quebra de tabus e machismo com um certo receio. É que, na verdade, é uma batalha eterna, assim como outros diversos tipos de preconceitos. Não temos mais aquela coragem que tiveram as mulheres do século passado. Pelo menos não a maioria de nós, que ainda aceita e se esconde atrás de uma máscara querida pela sociedade.

Não dá para negar que está cada dia mais cansativa a luta de ser o que somos, mas temos que ser incansavelmente a luta todos os dias. Mesmo que com críticas, xingamentos, tapas, elogios, deboches e orgulho. E orgulho, principalmente. O que nos falta é coragem de tirar a máscara sem tapar o rosto de novo, de pensar diferente, de vestir uma roupa provocativa, de usar salto e batom vermelho em plena luz do dia, de ter encontro casual e tampar os ouvidos, de não se rotular e de se assumir. Então, é um momento complicado que perpetuará por mais algum tempo até irmos para uma etapa mais solidificada e menos equivocada. Afinal, isso há de acontecer, já que o mundo vive em constante mudança.


- Mariana Sanches Moraes 

Comentários

Mias populares