Vou lhe contar um segredo...
A tecnologia está avançando de uma forma tão ágil, que a nossa inteligência tem ficado alguns quilômetros para trás. E com ela, o bom senso, o amadurecimento, a ética, a moral, a educação e tudo o que há de valor. Infelizmente, Albert Einstein estava certo e hoje temos uma geração de idiotas.
Como todo aplicativo que vira febre no Brasil e no mundo por conta da "nova" era da Apple, o "Secret" tomou conta das redes sociais e de grande parte do tempo das pessoas nas últimas semanas no país - já que nos Estados Unidos ele fora lançado em janeiro deste ano. Para quem não sabe, o app é o novo queridinho dos brasileiros porque nele se pode contar segredos, compartilhar uns e curtir outros - tudo isso anonimamente. A ideia é boa, ou melhor, era. Quando dois americanos, ex funcionários do Google, resolveram criar o aplicativo, os motivos eram enviar mensagens anônimas para a namorada (o), revelar segredos sem ser julgado/ridicularizado, dividir os medos, se sentir confortável para "se abrir". Mas como tudo o que funciona perfeitamente na teoria, na prática tem déficits, nesse contexto isso não muda - ou piora. Porque, praticamente, está quase tudo muito errado. A funcionalidade e a utilidade do "Secret" mudou instantaneamente nas mãos de alguns usuários.
O que era para ser divertido e do bem, se transformou em deboche alheio. Segredos viraram fofocas, medos viraram motivo de gozação, sem citar fotos íntimas que vazam frequentemente. Ah, este tem em todos os aplicativos de relacionamento social, é verdade. E agora, porém, temos mais um contribuindo com a falta de respeito - ou a falta de noções de sabedoria e razoabilidade de quem se deixar filmar ou fotografar em certas condições e com a ingenuidade de achar que não serão vítimas disso. É claro que a nossa incapacidade de pensar nas consequências óbvias do mal uso desses aplicativos não é de hoje. Afinal, quem não se lembra do "Ask.fm"? Ou então do "Formspring" e "Tumblr"? Ou ainda: quem já teve problemas com esses sites em relação à ofensas, discriminação e/ou zombaria? E advinha só: todos com direito ao anonimato. Eu não sei vocês, mas tenho a leve impressão de que as pessoas são muito mais corajosas quando não mostram a identidade. Não é a toa que os próprios donos do app o compararam com um "baile de máscaras". Mal sabiam eles que isso tomaria um lado negativo. Ou talvez, eles quisessem mesmo causar polêmica.
O fato é que muita gente está insatisfeita com - acreditem se quiser - a exposição no "Secret", o que é bem contraditório, uma vez que é garantido o sigilo do anonimato. Só que a questão já é outra, pois sabemos que todo mundo adora uma fofoca e a maledicência rola solta, deixando o segredo sair da zona de segredos, indo parar em redes sociais e de lá para a vida cotidiana. A pergunta que não quer calar é: Até que ponto esse aplicativo é saudável para as relações interpessoais e com nós mesmos? Na verdade, o problema não está no aplicativo, nem nos donos, nem no Google, nem na Maria e nem no João. Os únicos culpados somos nós, consumidores do produto, que não sabemos utilizá-lo para fins pelos quais eles foram feitos, que não entendemos a proposta da era tecnológica, que não respeitamos as condições dadas por ela. E, principalmente, nós que achamos que no mundo virtual não existem regras. Logo, não existem inteligência, bom senso, amadurecimento, ética, moral, educação e tudo o que há de valor.
Como toda generalização é burra, se você usa o "Secret" e se diverte dando boas risadas, não há nada de errado nisso e é uma pena que existam pessoas que não sabem fazer bom uso dele. E por fim, vou lhe contar um segredo: eu nunca tive esse aplicativo e ele tampouco me interessa - apenas para escrever o texto. Aí você me pergunta o porquê de eu estar escrevendo sobre algo que eu não sei e eu respondo que é uma questão de lógica e não de experiência. Eu sei que vocês devem me achar uma chata, mas tudo bem, eu nunca disse que era legal.
- Mariana Sanches Moraes
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