O preconceito que mata



Desde pequena, eu sempre me relacionei com todas as pessoas de forma igual quando o assunto é cor, gênero, idade, etnia, religião ou classe. Claro que, assim como todos, que têm a dificuldade de compreender alguém pelo seu estilo de vida ou até o porquê de alguém ser simplesmente diferente, eu não sou uma exceção. Mas uma coisa é não concordar - ninguém precisa consentir com tudo o tempo todo -, outra é julgar. E mesmo que você tenha a metade de um cérebro, você sabe do que eu estou falando.

O preconceito está em todo lugar. Olhe para o lado, tem preconceito. Vá até a esquina, ele de novo. Pisque e mais uma notícia surge de racismo no futebol, homicídio contra gays, agressão contra as mulheres, crentes, pobres. A verdade é que o preconceito não precisa nem de um motivo para ser praticado, basta um imbecil para criá-lo. O que realmente me preocupa é que só nós podemos mudar essa triste situação e, aos meus olhos, a única coisa que fazemos é ignorar - mas chega, já somos ignorantes o suficiente. Se alguém aí pensa que nesta geração já não há mais o que fazer, então faça um favor para o mundo e ensine aos seus filhos como tratar o próximo - e o anterior - humanamente.

Quando digo que o preconceito está por toda parte, isso inclui as piadas. Daí, partimos para um outro contexto: qualquer brincadeira ou apelido não consentido é preconceito. Veja bem, não consentido. É evidente que muita gente abriu a cabeça e soube reconhecer a invalidade da discriminação. Mas quando temos tão certo que numa sociedade não pode haver nenhum tipo de prejulgamento - o que é impossível -, estamos errando também - e perdendo o senso de humor. Porque, afinal, existe alguma piada sem excessos e estereótipos? Não precisa nem pensar, não existe. Sabe aquela coisa de levar na esportiva? Então. Até porque, se usarmos o radicalismo em todos os sentidos desse contexto, continuamos sendo ignorantes.  Se há consentimento dos dois lados quanto às brincadeiras, apelidos e piadas, não é necessário ser radical. Para ser honesta, de vez em quando tenho medo de onde o "politicamente correto" vai nos levar.

No Brasil, o preconceito tem duas explicações, no mínimo, óbvias: o conservadorismo e a ignorância. Infelizmente, ainda somos filhos de uma nação que oprime o que é diferente. Não vou dizer "novo", porque não sei quem ainda acha que a homossexualidade , por exemplo, surgiu só no século XXI. Bom, talvez isso explique a ignorância. Agora, com o perdão da sinceridade, porém, ás vezes parece que as próprias vítimas têm aversão à si mesmas. Ou ainda pior, quando se fazem de vítima sem razão alguma - é o que eu chamo de "se aproveitar da situação". Assim, fica difícil defendê-los.

É por isso que temos que analisar todos os lados desse assunto tão delicado e perceber o que é inadmissível e o que não pode ser chamado de preconceito. Em nenhum momento eu me contradisse e, se você acha isso, peço que leia com mais atenção ou reveja seus conceitos. "Observar características comuns a grupos são consideradas preconceituosas quando entrarem para o campo da agressividade ou da discriminação, caso contrário reparar em características sociais, culturais ou mesmo de ordem física por si só não representam preconceito". Temos sim que mudar essa realidade, mas sejamos tolerantes quando necessário. Afinal, para cada um, há um tipo de preconceito. O que nos resta é fazer com que, para cada tipo de preconceito,  haja o combate de cada um.


- Mariana Sanches Moraes 

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