O narcisismo e a auto promoção na época da internet
Lembra-se da história do menino Narciso? Sim, aquele que admirava o tempo todo o próprio reflexo na água, sem se dar conta que se tratava dele mesmo. Até o dia em que ele resolveu tentar alcançar sua linda imagem no espelho d'água, caiu e se afogou. Vivemos, dadas as proporções fantasiosas da metáfora, momentos parecidos.
A câmera frontal nos dispositivos móveis, celulares, tablets, notebooks e etc foi concebida para o uso em videoconferências, em tese, para aproximar pessoas. Ela virou o maior expoente, e o ícone da selfie – os autorretratos tão comuns em nossas redes sociais. Não que retratos de si mesmo nunca tivessem existido, eles sempre estiveram aí, mas nunca foram uma febre como têm sido nos últimos dois ou três anos.
Mas não sejamos hipócritas. Temos de assumir com humildade e sem demagogia, estou me referindo a nós. A mim, a você. E mesmo que você não tire selfies, ou não goste de aparecer, certamente uma boa parte das pessoas a sua volta gostam, e o fazem com frequência e prazer. Mas hemos de concordar: é bom ser reconhecido, é bom se autopromover, mas sempre cuidando com limites. Ninguém gosta de enxergar sempre as mesmas pessoas postando as mesmas selfies todos os dias apenas com roupas ou cenários diferentes (ou às vezes nem isso). Se torna enfadonho. O excesso de autopromoção parece arrogância, e o narcisismo se explicita, trazendo uma má impressão à pessoa.
Mas não é pecado também. Os meios eletrônicos permitem hoje a promoção de si mesmo e de seu trabalho como nunca na história. Feitos louváveis merecem publicidade. Um belo sorriso também, assim como um visual novo, ou um protesto, uma manifestação, por que não? O ponto em que tento chegar é: Não há problema na autopromoção. Mas o narcisismo é perigoso, e o exagero na tentativa de chamar atenção é arriscado para sua própria reputação - “para não ficar se pagando”.
O que é dito aqui não é, de maneira nenhuma, absoluto. Se discorda, faça como quiser, as redes são livres e não serei eu o primeiro e nem o último a te censurar. O ser humano gosta de reconhecimento, e isso conforta sua alma (se é que se pode falar em alma). Mas é importante SER antes de TER ou EXIBIR. E exibir o que se “é” se torna bem melhor do se exibir o que “tem”.
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