Sobre o amor da minha vida – que não encontrarei tão cedo



Em tempos de efemeridade, paixões intensas, porém curtas, curtidas, compartilhamentos, idas e vindas, beijos, transas, amizades virtuais e explosões de sentimento, onde fica o amor? Não o amor que se sente pelos pais ou amigos, não o amor pelo seu cachorro, não o amor pelo seu carro. O amor. Ah, o amor. O amor de alguém que vai acordar do teu lado todos os dias, descabelado e com cara de sono. O amor de alguém que erra, que falha, que convive. O amor dos quais os escritores românticos portugueses e brasileiros, poetas e prosistas, falavam há duzentos anos. Onde fica esse amor? Existe ainda esse amor? 

Quem sabe. Isso tudo é tão relativo. Quem sabe não de pra se argumentar que esse tal amor foi suprimido pela seleção natural de Darwin, e as rápidas transas sejam mais favoráveis à perpetuação da espécie. Dá pra defender também que o amor está em desuso, os casamentos são frágeis, começam e terminam como uma partida de futebol (durando um pouco mais de noventa minutos, espero). Repito, não o amor fugaz de uma noite, de um mês, de um ano. Mas sim o amor de uma vida. Que superaria demissões, brigas, mal-entendidos, distância, tempo. Esse amor dos românticos.

 Mas o amor dos românticos não é perfeito, ora. Não se trata de um amor de filme americano adolescente, ou de um Best Seller para meninos e meninas abaixo dos vinte anos. Um amor dolorido, não apenas com golpes do sentimento, mas com golpes da vida. 

Porém, eu acredito no amor. Embora sejamos animais como quaisquer outros, temos de reconhecer que somos diferentes, racionais. E que o amor tem estado sempre presente ao longo da história da humanidade. Sempre mutante, sempre em movimento, mas está lá, dizendo “você vai amar alguém pro resto da tua vida”. Entretanto, ver casais velhinhos com quarenta anos de casamento pra mais está cada vez mais raro, e tende a ficar mais ainda. Por quê? Não sei, vamos deixar essa reflexão para uma próxima oportunidade. 

Aqui, faço um manifesto em prol do amor. Do amor humano, do amor real, do amor imperfeito. Deixo claro que quero amar, que quero ser amado. Que quero ser compreendido e querido. Mesmo no tempo da internet, a solidão assombra e machuca. Isso não deve ser à toa. Que venham os amores. Mesmo que curtos, que nos ensinem a acertar, a como amar. Quem sabe, quando chegada a pessoa certa, o amor há de ficar, e não sair mais. E que assim seja.


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