Vamos pro bar! A balada está muito vazia...


Não vejo razões para desmentir o fato de eu ser caseira. Sou mesmo um espírito velho num corpo jovem. Mas, ás vezes, com certa disposição, harmonia com meu cabelo e roupa bonita, eu saio para descobrir, curiosa, o que a noite me reserva. Nos dias de sorte, encontro boas risadas, beijos molhados, danças agitadas, corpos suados e conversa boa. Nos ruins, bem, aí eu caio na gandaia.

A balada, nas épocas de papai e mamãe, era coisa para se divertir. Ou melhor, como era que se chamava? Discoteca. Nós, geração da tecnologia acomodada, rimos quando nossos pais perguntam se estamos indo para o baile. Mas ah!, como eu daria metade das baladas curitibanas por uma dos anos 80/90. Umazinha. Com direito a cabelos esvoaçantes ao som de "The rhythm of the night" e o charme da rodadinha de um vestido preto com bolinhas brancas.

As noitadas da capital têm sido a base de vodca com gelo na pista e champagne no camarote. Têm tido como alicerce camisas polo e vestidos que parecem ter vindo da mesma loja de bazar. Têm me desanimado curtir uma eletrônica por não suportar a falta de diversidade nas pessoas. E, principalmente, têm me questionado se vale a pena pagar - na verdade, nem de graça - por esse tipo de diversão e não ter nem espaço para soltar um gingado, dar uma rebolada. Não há espaço. As baladas são definitivamente projetadas para serem pequenas, de modo que pareçam grandes com apenas 50 pessoas. Essas que estão cada vez mais preocupadas em aparecer do que ser. Nada de papo, só um beijo no cangote é o suficiente para conquistar alguém. Honestamente, não quero esse tipo de conquista nas minhas saídas.

Sem contar que, ultimamente, todas as poucas vezes que saio à esses lugares, volto me perguntando o porquê. Para mim, não compensa. E olha que eu ainda tenho 18 anos. Eu deveria estar por aí, curtindo a noite com um cara qualquer que chegou em mim primeiro, com um papo molenga de que nunca tinha me visto antes e que gostaria de me conhecer. Mas agora vou fazer diferente. Agora chegarei para as minhas companheiras de aventura e direi que irei pro bar beber uma cerveja. Se elas quiserem, elas me acompanham e se não, não as culparei. Apenas sentarei em uma cadeira alta, farei meu pedido e começarei, ali mesmo, uma conversa franca com o garçom. Ou com a mulher ao lado. Ao final da noite, perceberei que me sentirei muito mais singular e não voltarei arrependida para casa.

No final das contas, do mês, da noite, você entende que quando a balada está cheia é porque, na verdade, está vazia. Talvez existam alguns resgates a serem feitos, mas não sou muito otimista quanto a isso. Prefiro ficar com minha imaginação voltada para 20 anos atrás. Eu gostaria de ter vivido a minha juventude na segunda metade do século passado. Nem que fosse para hoje eu estar aposentada. Aí, eu apenas olharia para essa garotada toda e diria: "Ainda bem que minha fase já passou."


- Mariana Sanches Moraes 

Comentários

  1. Essas baladas, ultimamente, estão cada vez menores. Parece intenção fazer com que as pessoas fiquem sufocadas, gente! AHAHAHA Eu também tenho vontade de entrar em um baile do passado, pois seria, sem dúvida, uma experiência diferenciada. E elegante.
    Sou praticamente como você, em tudo o que você disse no texto, mas confesso que adoooooro um escuro, música alta e ausência de problemas.
    Ah, respondi sua mensagem lá no google+.
    Beijãooooooooo <3

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