Se por descuido do destino...
Se por descuido do destino eu
tivesse que escolher entre uma memória ou outra, eu gostaria de me lembrar de
quem eu sou neste exato momento. Eu
gostaria de poder sentir outra vez o que sinto agora, apenas pela passagem de
um momento que me veio à mente. Como se o tempo não se diluísse, como se a
efemeridade fosse mais do que breve e, ainda assim, eu pudesse congelar o que
meus olhos vêem e pausar o tanto que meu coração sente. E sente muito. Sente
tudo. E assim como muita coisa acontece em um milésimo de segundo, ele sente de
uma só vez. De vereda.
Há uma magia no hoje e uma
beleza tão astuta na confusão que eu poderia permanecer nos braços da desordem
e adormecer calmamente sobre o berço das incertezas. Não temeria mais a
resposta ou a consequência. Eu gostaria de me imaginar exatamente assim, com as mesmas roupas que
unem-se ao meu corpo desbravado pelos seus domínios inconscientes. Porque
quando você me toca dói. Dói a alma por não ser eterno e rasga a pele por ser tão intenso. É disso que mais quero me lembrar. De como somos e para onde queremos ir.
Do desejo e da promiscuidade que nos sujeita o amor. E gostaria que,
enfim, por descuido do destino, eu
pudesse viver esse drama para toda esta eterna juventude que só está de passagem.
- Mariana Sanches Moraes
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