Carta aberta à minha mãe
Mãe, sinto começar esta carta assim, mas, como todo dia comemorativo, o Dia das Mães é pura propaganda, pretexto para o comercialismo, propriedade midiática e publicitária. Ninguém pode ser amado num determinado dia mais do que no restante do ano - e nem presenteado somente nele. Mãe, então, principalmente. O amor recíproco de mãe e filho é diferente dos outros. Ele nasce no nascimento e é instantâneo. Ele não precisa ser construído como dizem por aí sobre o amor dos amantes. E isso já é o suficiente para presentear uma mãe mais do que duas vezes por ano.
Porém, também sei que tenho faltado com essa consideração. Talvez eu não saiba como tornar rotina um simples "eu amo você", tampouco eu devo saber te surpreender. Sabe que eu herdei essa distância das palavras de você. Pelo menos as ditas. As escritas, bem, eu domino um pouco mais. É por isso que, com o perdão da minha hipocrisia, lhe escrevo esta carta sincera num domingo de Dia das Mães provavelmente só por ser Dia das Mães. Assim como o chocolate que eu te dei - e juro que esqueci que você está de dieta.
Mesmo assim, lhe direi o que você significa para mim. Mãe, acima de quaisquer características atribuídas à ela, é mulher. E mulher já é atributo que se valha. Mas, ao mesmo tempo, mãe está muito mais no cuidado, na proteção, nas atitudes, no coração do que no título que lhe é dado. Por isso também existem homens mães. O que de forma alguma torna tarefa dominada por qualquer pessoa. São poucas que têm a habilidade de doar amor e distribuir carinho. Num mundo onde o individualismo pulula e o altruísmo despenca em número, ser mãe é absolutamente uma divindade.
Diante de todo sacrifício e resiliência, é mais do que certo afirmar que ser mãe é o trabalho mais difícil do mundo. Não tem férias, não recebe salário, não dorme -bem me lembro das suas noites em claro com a minha irmã. Mas é gratificante. De uma forma ou outra, as mães deixam transparecer orgulho nos olhos, se mostram satisfeitas e, por mais que neguem, fariam tudo outra vez. Muito embora eu discute sem razões, não ouça seus conselhos - quem dirá então seus favores - e não leve casaco quando saio, eu sei que você faria tudo outra vez.
- Mariana Sanches Moraes
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