Valentim e os solteiros - sobre o Dia dos Namorados
Em um tempo muito distante, do outro lado do mundo, nascia a origem do que hoje se conhece como Dia dos Namorados - ou Dia de São Valentim. Nesse grande intervalo de tempo, - milhares de anos, diga-se de passagem -, aconteceram muitas coisas e seu o significado e valorização foram mudando, aos poucos, de país para país, de cultura para cultura. Mas, como algumas coisas permanecem imutáveis, a conclusão é a mesma: tem solteiro que sempre reclama.
Daí a mesmice de todo 12 de junho, com uns lamentando a ausência de alguém e outros reafirmando sua solteirice cobiçada. E há quem cobice. Há quem, com aquele famoso objeto anunciando comprometimento, a aliança, insista na perigosa e arriscada missão de trair. Porque ser solteiro de fato é bom demais. Mas também pode ser solitário e vazio. Isso depende do seu poder de autodestruição e de como você encara a vida a um. No fundo, o que vale é a consciência de que ninguém precisa de ninguém. As pessoas se relacionam, se gostam e se desejam. Essa história de pertencer a alguém é mito: as pessoas pertencem a si mesmas e só. Ainda assim, é bom ter uma companhia. Então, se esse for o seu caso, fique feliz. É preciso celebrar mesmo, já que Valentim, o bispo destemido de Roma que deu origem ao Dia dos Namorados, foi contra ordens imperiais para celebrar casamentos. Isso porque o tal imperador acreditava que os solteiros eram mais eficazes em tempos de guerra. E eu não tiro a razão dele, porque até hoje são.
Eles lutam pela sobrevivência. Todos. Os carentes lutam para encontrar suas caras metades, os desapegados lutam para não se apegar e os satisfeitos lutam para provar que são felizes assim, solteiros. Uma hora eles acham os deles, encontram no caminho uma resposta plausível para as perguntas que fazem sobre namoro. Não é fácil entender porque as pessoas complicam, mas namorar vai além de declarações, jantares, flores e banquetes. Namorar é estar junto sem pretextos, virar a noite conversando, sacudir a poeira do passado e se jogar, se entregar, se apaixonar. Namoros podem durar uma noite de sexo ou dez anos de romance. Podem acontecer sem ninguém saber ou com toda família reunida. Definir namoro é limitar prazeres e desconsiderar detalhes. E se você for solteiro, não reclame. Espero que a minha conclusão ainda mude.
- Mariana Sanches Moraes
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