Emoção calada



Hoje, ele sofre. Não é mais um joelho ralado, uma dor de cabeça ou um amor não correspondido. É a solidão de sua felicidade, a alegria não compartilhada. É a ansiedade, a novidade e a paixão que devem permanecer sem voz, como se não fosse possível dizer, como se fosse proibido sentir. Ninguém aguenta tanta emoção calada, ninguém suporta a convivência solitária, ouvindo apenas os conselhos da própria mente. E ele gostaria tanto que alguém entendesse isso. Que alguém escutasse o grito que sai de seus poros e do sorriso que se esconde atrás de um motivo equivocado. Ele gostaria que alguém visse o motivo verdadeiro. Mas ninguém é capaz de entender, porque ninguém sente.

Ele costumava confiar em pessoas que, agora, não estão mais ao seu lado. E ele perde amigos, parentes e, ainda assim, não pode perder a sua identidade. Não pode perder a aventura de ser quem ele é depois de tanto tempo buscando a si mesmo. Ele acha muito mais importante o amor do que os padrões. Ele é apaixonado pelas pessoas interessantes, que tenham papo bom na ponta da língua, música boa na cabeça e hábitos instigantes. Muito acima de gênero e status. Ele pode viajar o mundo com pouco dinheiro, ajudar pessoas carentes e escrever um livro sobre como viver e não apenas existir. Ele é capaz de tudo que almeja e nada vai destruir isso.

Mesmo assim, o entristece ouvir que é sinônimo de desgosto por algo que, definitivamente, ele não escolheu ser. Porque ninguém escolhe sofrer preconceito. Ninguém decide seguir um caminho doloroso, no qual há discriminação dentro de casa. E essa rejeição, com certeza, é a que mais dói nele. Quem dera poder explicar o que se passa dentro de seu coração. Quem dera saber como dizer às pessoas que o modelo de pensamento delas está errado e que pecado é abominar o amor e o prazer. Quem dera se hoje eu pudesse viver de ombros leves.

- Mariana Sanches Moraes

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