Não me olhe assim
Não me olhe assim. Não sorria assim se não for para olhar para baixo, não ande assim tão por perto se não for para pegar na minha mão, não me toque assim tão suave se não for para investir na força e não me beije, se a gente não for durar. Não me deixe entrar na sua casa, deitar na sua cama, sentar no seu colo, ficar sobre você, segurar seus braços e te fazer dizer meu nome se não for para bagunçar os lençóis, se não for para espalhar as roupas, se não for para embaraçar o seu cabelo. Não morda os meus lábios se não for para sussurrar nos meus ouvidos e não beije o meu pescoço se não for para me ter. Não ouse falar sacanagens se não for para me ouvir gemer. Não descubra meu ponto fraco, não descubra meu ponto G.
Não me implore uma última vez sem que eu receba primeiro uma condição. Não me ligue para dizer que esteve pensando em mim sem um convite para sair e não, jamais, poupe suas histórias ou economize suas boas palavras, porque eu vou querer ouvir as melhores. Também não quero que me tire do sério sem depois me arrancar risadas, não quero que me mande mensagens hoje se não for para me mandar amanhã, semana que vem. Não me prenda entre suas penas, sua boca, seus suspiros, seu prazer, seu suor, se não for para trazer o calor que nenhum café quente traz. Não deixe eu te abraçar numa luta contra o vento frio se o que você gosta é de inverno. Não me deixe acreditar na maneira como você olha para mim.
Não me conquiste, não me provoque, não me excite. Não me procure e nem me encontre. Mas se o fizer, deixa eu me perder. Deixa eu mudar os seus horários e revirar suas gavetas. Deixa eu cuidar direito de você, como ninguém antes, como nunca antes. Deixa eu te mostrar que a saudade existe para aquilo que ainda não foi, que muita coisa morre para não matar o que está vivo dentro de nós e que amor, de todos os males, é esse que sobrevive.
- Mariana Sanches Moraes
Comentários
Postar um comentário