Pai
Eu sempre digo que é muito
fácil escrever sobre as coisas que imaginamos. As palavras chovem e não têm o
menor esforço de conduzir os dedos sobre o teclado. Mas quando se trata do que
sentimos, há uma meticulosa estranheza ao traduzir o que se passa dentro de
nós. Por isso, peço que me desculpe pela falta de jeito com as palavras. Essas
que você, pai, com frequência me diz o quanto são importantes e eu, filha, não
poderia negar ao escrever esta carta. Porém, quero lhe adiantar que este pedaço
de papel de caligrafia torta carrega mais nomes que somente o meu: escrevo aqui
pelas outras duas mulheres de sua vida.
Estivemos pensando no que fazer para você
neste dia que se diz ser tão especial. Mas como lembrar de apenas um dia quando
se tem o resto do ano? Nós celebramos você todos os dias. Nós agradecemos por
você existir e cair de paraquedas em nossas vidas, não literalmente, mas pra
quem não acredita em destino. E, se destino for real, que bom que ele quer você
conosco. Que bom que temos um dos poucos, um dos melhores.
Podem me falar sobre a infinidade do universo
e a capacidade do raciocínio humano, sobre poetas modernistas renomados e
teorias científicas, mas meu amor por você é inefável. Nada explica. Talvez,
ele próprio se explique, com sua autossuficiência. Talvez, enxergamos você com
olhos que jamais caberão em palavras, porque o amor só cabe sentir. Nós amamos
você. Logo, amamos os seus defeitos. E continuaremos a amá-lo mesmo com os seus
planos para o futuro: tatuagens, rock, moto e colete de couro. Na
verdade, vamos te amar ainda mais. Feliz Dia dos Pais.
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