Seja minha nova obsessão

james whitmore

Larguei o cigarro. Agora de vez. Dizem que é difícil se desacostumar, porque a força do hábito é mesmo avassaladora, embora eu esteja me saindo bem. Agora aqui foram só dois, e, se me der licença, vou acender o terceiro. E último. Último, eu juro. Mas o que eu penso é que todos nós precisamos de um vício. Um chá das cinco, um perfume doce, uma geleia de morango, uma cocaína, um sexo, um café, um cigarro. E de uma obsessão também.

Se for para parar de fumar, que seja por um motivo que me deixe com aquela sensação de querer mais na mesma proporção. Que me relaxe, que me tire da cabeça qualquer ideia, menos a de querer mais. Pode ser você. Você pode ser meu novo vício, minha nova obsessão. Deixe que eu cuido dos horários, só se preocupe em chegar em ponto. Daí então o relógio se torna objeto qualquer com ponteiros desajustados. Vamos deixar que a vontade decida a hora de ir, sem pressa mas sem paciência demais, porque existem coisas que simplesmente não podem esperar. E a companhia do álcool e da nicotina são tão desprezíveis perto da sua. Eu não pensaria duas vezes antes de trocá-las por uma dose de você toda noite, toda a noite. 

Você tem essa incrível habilidade de saciar todas as minhas fomes. Quero me preocupar exageradamente com cada passo seu, quero subverter a sua rotina, quero desconstruir seus padrões, quero insistir em te ver de novo, quero causar suas neuroses e insônias e também quero largar o cigarro. Agora de vez. Dizem que é difícil se desacostumar, porque a força do hábito é mesmo avassaladora, mas eu tenho outro vício para me sustentar. É você. Você é meu novo cigarro, meu café, meu sexo, minha cocaína, minha geleia de morango, meu perfume doce, meu chá das cinco. Afinal, todos nós precisamos de um vício. E você é meu novo vício, minha nova obsessão. E última, eu juro. 

- Mariana Sanches Moraes