Ou você vai, ou você fica
Não estou te empurrando contra a parede, nem chutando o balde. Não. Eu não estou te pressionando, nem te dando uma chance, uma escolha. Nem mesmo a segurança de você ficar ou a certeza de você ir. O que eu lhe peço é somente a coragem. A de ir embora por essa calçada íngreme e aos passos diminuir da minha vista até que eu não consiga mais diferir o que é você e o que é cidade. Até que as cores embaçadas se mesclem e eu tenha que cerrar os meus olhos para dizer a mim mesma que, é isso, você se foi. E, se não for, o que eu lhe digo é para ter coragem de ficar. Pode ser com medo mesmo. Medo a gente sempre tem. Medo de rabiscar e sair torto. Medo de pisar e afundar. Medo s de sentir e doer.
A gente se entende com o medo depois, dribla as perguntas eufóricas e cala as desnecessárias. Mas jeito para a falta de vontade a gente não dá. Ou vai, ou racha. Se você sente tesão por mim, fique. O tesão de conversar comigo sobre os vanguardas, de me beijar até os lábios incharem, de rir comigo até o ar perder o ar, de percorrer meu corpo com o ligeiro e suave toque dos dedos e, principalmente, o tesão de transar comigo. Se você se entregar, eu me devolvo para você. E aí você me come, me chupa, me vira do avesso, me desarma, me desestrutura, mas não me diga que de manhã mudou de ideia e que depois volta. Não me deixe desamparada com alguma atitude impensada e não me mande flores se no dia seguinte eu terei que te mandar à merda. Não foda com a minha mente.
A minha casa se faz de moradia, não de visitas avulsas, esporádicas. E, com você, eu percebi que se não for nesse desempate, nesse 8 ou 80, eu me perco dentro da minha própria morada. A coragem é sua, mas o impacto sempre será sobre mim. Sou eu quem carrega a consequência da coragem, o sentimento e o que fazer com isso tudo. Essa dor você não vive.
- Mariana Sanches Moraes
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