O maravilhoso agora




Aposto que você nunca parou para pensar em quantas bilhares de coisas acontecem em um milésimo de segundo no mundo. Enquanto eu deito aqui do seu lado, bebês nascem, corações se apaixonam, olharem se entregam. Enquanto eu me ajeito sobre seus braços, derrotas são proclamadas, vitórias celebradas, orgasmos atingidos, metas batidas, mortes declaradas. Enquanto a gente se acomoda na cama, no sofá, no tapete, infintudes de situações são causadas por infinitudes de pessoas que não têm nada ver conosco, mas que, de uma forma paradoxal, estão completamente ligadas a nós. E nós a elas. E eu fico me perguntando o que será que nos ocorreu senão um efeito borboleta, numa versão mais bem sucedida do filme.

Uma teoria do caos que é mais bagunçada que teu apartamento - eu gosto de pensar em como seria sua mesinha sem aquela cobertura de relatórios, folders e livros -, mas que não nos custou muito tempo a encontrar o que precisávamos para ficarmos juntos, o que colocou, enfim, tudo em seu devido lugar: o amor. Olhe para nós hoje, voltando ao ponto de partida, carregando uma bagagem de sabedoria nas costas, a fim de conhecer o que mais o universo preparou para nós. É por isso que eu te peço para que, assim como eu fiz, aprenda a viver o aqui e o agora. O passado não existe mais e o futuro é só ilusão. Então, me olhe nos olhos enquanto você pode, diga que me quer enquanto você quer, e me deixe dormir na sua casa essa noite mais uma vez.

Eu quero me apaixonar por cada poro da sua pele como se fossem desaparecer instantaneamente, e quero que, dessa vez, as coisas mais complicadas sejam resolvidas como se fosse a segunda vez, e as coisas mais simples vividas como se fosse a primeira. Entre o antes e o depois, tem um intervalo muito bonito e sincero chamado agora. Me deixa morar nele, me deixa permanecer aqui enquanto o agora for agora e o sorriso for espontâneo. E quando eu me perder no antes, me coloca um pouco mais para frente, e quando eu fugir para o depois, me coloca um pouco mais para trás. Me segura que eu te equilibro, me confia que eu te cuido, me abrace que eu te acalento. E que nessa soma de instantes, com tanta coisa doida acontecendo mundo afora, a intervenção dele sobre nós seja somente de tranquilidade, porque é assim que me sinto agora. Sinto que estou onde deveria estar, e mesmo com o coração mais leve e mente mais pé no chão, a magia de te ver não fica menos mágica – eu ainda flutuo. Aposto que você já se perguntou por que eu e você, por que desse jeito, por que com tantos tropeços, mas, enquanto eu te beijo, estrelas brilham, poemas são escritos, declarações são feitas, e, para mim, isso já é resposta o bastante. Você vai dizer que eu só enxergo aquilo que quero, mas essa é uma mania que você tem de falar demais e não perceber que é só outra maneira de dizer que eu o amo.


- Mariana Sanches Moraes

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