Não habito mais em você
Em uma das melhores conversas com a minha mãe, ela me disse: nós nunca seremos os mesmos. Eu não entendi o que aquilo significava, mas eu me sentia diferente a cada dia, como se eu estivesse saindo de um casulo infindável. Havia algo diferente no meu semblante, não sei se era o cabelo mais caído nos olhos, as bochechas mais inchadas, a design novo da sobrancelha ou minha testa franzida. Algo havia mudado e eu não sabia dizer o que, eu nunca sabia dizer o que era. Até que, um dia, de repente, eu entendi. Eu estava amadurecendo. E toda vez que alguma mudança acontecia na minha vida, eu mudava junto. Isso causava um desequilíbrio entre quem eu era e quem eu passei a ser, me deixando desconfortável em minha própria pele. Insegura.
Daquele dia em diante, passei a entender com propriedade as palavras contundentes da minha mãe. Eu nunca mais seria a Mariana de dois anos atrás, por mais que eu sentisse saudade dela. O mais insano é que o amadurecimento não acontece abruptamente, então a Mariana de uma hora atrás já não corresponde com essa que lhe escreve agora. A gente está sempre migrando de casulo em casulo, renascendo de instante a instante e isso é maravilhoso, mas para ser é preciso aceitar essa metamorfose.
Já dizia o moderno filósofo Cortella, que estamos sempre grávidos de nós mesmos, ou então nosso saudoso Raul Seixas, que preferia ser metamorfose ambulante. Ninguém está livre, a mudança é inevitável, e que então pelo menos seja bem vinda, porque apesar da sensação estranha que ela traz, é um luta sem ganho não recebê-la. Existe muita vantagem em não ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Muito legal sua visão sobre desapego e evolução!!! Me identifico!
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